Biologia das Pragas: Com cerca de 150 mil espécies descritas em todo o mundo, os representantes de Diptera habitam quase todos os lugares. São caracterizados pelo tamanho reduzido das asas traseiras e pela proeminência das asas dianteiras. Distinguem-se dos outros insetos alados por possuir somente um par de asas, correspondente ao par anterior, transformando-se o par posterior em pequenas estruturas clavadas denominadas halteres, que funcionam como órgãos de equilíbrio.Larvas e adultos têm hábitos bastante variados, podendo se desenvolver tanto em meio aquático como terrestre, sendo que as larvas que vivem em meio terrestre se alimentam de matéria orgânica em decomposição, carcaças de animais mortos e excrementos. Já os adultos são geralmente terrestres e polífagos, ou seja, alimentam-se de inúmeras substâncias, podendo ser também hematófagos (somente as fêmeas). A maioria dos dípteros é de vida livre, porém existem espécies parasitas na forma adulta.
Ciclo de vida: São holometábolos (ovo, larva, pupa e adulto) e apresentam reprodução sexuada. Os ovos apresentam formatos variados e, quando em meio líquido, possuem estrutura especial para flutuação. As larvas geralmente são do tipo vermiforme e as pupas podem ser móveis ou imóveis. As descrições dos ciclos de vida de cada grupo serão detalhadas a diante.
Principais espécies de Moscas:
Mosca doméstica – Musca domestica: é a espécie mais conhecida, pode ser encontrada com maior ou menor frequência, no interior das residências, em quartos, cozinhas, estábulos, granjas, mercados, abatedouros, feiras livres, etc. É de grande interesse médico-sanitário e sua ocorrência, distribuição e predominância nas áreas metropolitanas são fatores de grande importância em saúde pública. A mosca doméstica pode transmitir agentes patogêncios, como vírus, rickétsias, protozoários, bactérias e ovos de helmintos. Age raramente como hospedeiro intermediário, porém quase sempre atua como transportador mecânico.
Sofre metamorfose completa, passando por 4 estágios de desenvolvimento: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são deixados em locais escuros (estercos ou matéria orgânica em fermentação), em uma profundidade de 8 a 10 mm. São brancos, brilhantes, de forma alongada e depositados em massa. Cada fêmea pode depositar 120 ovos por postura, podendo haver até 6 posturas.
O total de ovos por fêmea varia de 400 a 900 durante toda a vida. Os ovos geralmente demoram de 8 a 24 horas para a eclosão das larvas. Estas, em condições favoráveis, completam seu desenvolvimento de 3 a 7 dias. No final do desenvolvimento abandonam o local e enterram-se no solo para a pupação. Nos últimos dias, as larvas deixam de alimentar-se, endurecem e formam o pupário, dentro do qual se encontra a verdadeira pupa. A fase pupal é de 3 a 6 dias. Logo após a emergência ou até 24 horas após, as fêmeas já copulam e ovopositam cerca de 2 a 20 dias depois. Uma mosca fêmea tem vida normal de 2 a 12 semanas, a longevidade média é de 30 dias.
Mosca dos estábulos – Stomoxys calcitrans: não costuma invadir residências e é encontrada, em grande número, em épocas quentes do ano, atacando animais domésticos. É frequentemente confundida com a mosca doméstica, mas se diferencia por apresentar uma probóscide preta brilhante, projetada horizontalmente na frente da cabeça. Possui uma distribuição quase cosmopolita. Ambos os sexos sugam sangue de bois, carneiros, cavalos, porcos, cães e até o homem.
Cria-se em alfafas, grãos ou farinhas úmidas que se encontram embaixo dos coxos, nos currais.Pilhas de grama cortadas em jardins constituem um bom material para a criação de larvas. Os ovos são depositados em forma de cachos. Cada fêmea produz até 632 ovos, podendo realizar 20 posturas durante a vida. O período de incubação varia de 2 a 5 dias. As larvas completam seu desenvolvimento em 14 a 26 dias e o período pupal varia de 6 a 26 dias. Os ovos começam a ser depositados 18 dias após o adulto emergir do pupário.
Seus ataques podem determinar a perda de sangue e redução de peso dos animais. Apresentam também importância na transmissão mecânica de doenças infectocontagiosas nos animais domésticos e ao homem, como: anemia infecciosa dos equinos, carbúnculo hepático e várias formas de tripanossomoses.
Falsa mosca dos estábulos – Muscina stabulans: cosmopolita, ocorre na Região Neotropical, desde o México até a Patagônia. Penetra em residências e faz postura em alimentos.
Mosca dos chifres – Haematobia irritans: ocorre em todos os estados brasileiros. É semelhante à mosca doméstica, mas de apenas 4 mm de comprimento. Seu principal hospedeiro é o gado bovino. É rara em residências.
Pequena mosca doméstica – Fannia canicularis: a importância epidemiológica para o homem ainda é incerta. Em algumas ocasiões foi registrada causando miíases intestinais e urinárias no homem. É cosmopolita e juntamente com a mosca doméstica é uma das espécies mais comuns no interior das residências. Os adultos têm comportamento peculiar, preferindo voar no meio do quarto, pousam em objetos suspensos, tais como fios elétricos e lustres. Cria-se em excrementos humanos e de animais, insetos mortos, matéria orgânica vegetal em decomposição (cebolas, fungos), carnes salgadas, ninhos de pássaros, etc.
Mosca das bicheiras – Cochliomyia hominivorax: ataca aparentemente qualquer animal de sangue quente, causando um tipo de miíase cutânea primária. Qualquer tipo de ferimento, umbigo de animais jovens, aberturas naturais do corpo (narinas, ouvidos, ânus, olhos e boca) podem ser infestados pela larva dessa mosca. A infestação de aberturas naturais ocorre quando há ferimentos ou extrema falta de higiene.
Mosca varejeira – Phaenicia cuprina: cosmopolita, é importante causadora de miíases em ovelhas. A larva alimenta-se da linfa que atravessa o tecido epidérmico, assim como do tecido necrótico das feridas. Os adultos são encontrados em lixo urbano, frutos caídos e néctar de flores.
Moscas Chrysomya – Chrysomya spp.: criam-se em grande número nos lixões ao redor das cidades, pocilgas, abatedouros, fossas, sépticas, etc. São vistas em grande número, nos centros urbanos de várias cidades do sudeste brasileiro, em produtos expostos nas feiras livres. Podem apresentar grande importância epidemiológica na transmissão de doenças entéricas, poliomielite e parasitas intestinais.
Mosca do berne – Dermatobia hominis: causa ao homem e animais miíases dermais, oftalmomiíases, miíases palpebrais, rinomiíases e miíases cerebrais. As lesões podem ser complicadas devido ao ataque de larvas de outras espécies de moscas. A produção de leite e carne do gado doméstico é reduzida pelo ataque dessa mosca. A indústria do couro é prejudicada, pois o couro dos animais infestados não resiste ao tratamento industrial devido às perfurações causadas pelo inseto.
As moscas atingem a maturidade de 1,5 a 4 horas após a emergência do adulto. A fêmea começa a oviposição dentro de uma semana, podendo realizar várias posturas. Os ovos são depositados no corpo de outros insetos que ocupam animais vertebrados de sangue quente e as larvas se desenvolvem cerca de uma semana depois da postura.
Mosquinhas das frutas – Drosophila spp.: conhecidas pelos geneticistas, medem 5 mm de comprimento. As larvas de algumas espécies são fungívoras e consideradas pragas de cultura de cogumelos. Na indústria de enlatados de frutas e de outros vegetais, essas mosquinhas podem causar grandes prejuízos econômicos. Grandes concentrações são encontradas próximas às indústrias de tomates, sucos de frutas, etc. O desenvolvimento larval é muito rápido, de 8 a 12 dias em condições de laboratório.
Mosca do queijo – Piophila casei: mosca preta, muito pequena, com 2,5 a 4 mm de comprimento. As fêmeas depositam seus ovos em carnes e queijos. Nos abatedouros, as larvas se desenvolvem em grande número em carnes preservadas: charques, carnes salgadas, presuntos curados, etc. Nos laticínios e armazéns se cria em queijos e outros alimentos. Os ovos demoram 1 dia para o nascimento das larvas. O ciclo biológico é de 11 a 30 dias. Foram registrados na literatura numerosos casos de miíases intestinais, produzindo intensas cólicas.
Moscas lambe olhos – Hippelates spp.: pequenas, com 1,5 a 2,5 mm de comprimento. São atraídas pelas secreções mucosas, pus, sangue nos olhos de animais e do homem. Algumas são atraídas por feridas expostas de órgãos genitais de animais domésticos.
Mosca dos esgotos – Eristalis tenax: cosmopolita, adulto com aparência de abelha. Mede 15 mm de comprimento. As larvas vivem em esgotos, excrementos líquidos, carcaças em decomposição, etc. A presença desta mosca em água estagnada é indício de alto grau de poluição. Vários casos de miíases gastro-intestinais são registrados na literatura. Adultos são florícolas e alimentam-se de pólen.
Moscas dos filtros – várias espécies: criam-se com frequência nos filtros das estações de água e esgotos. Podem ocorrer em grande quantidade nos encanamentos e ralos das residências, chegando a causar desconforto aos habitantes. Algumas espécies causam miíases.
Principais espécies de Mosquitos:
Pernilongo – Culex quinquefasciatus: adultos de coloração marrom escura ou clara, asas com escamas escuras. As larvas são aquáticas e apresentam sifão respiratório, que serve para obter o ar na superfície, e posicionam-se perpendicularmente à água, o que as diferencia dos demais gêneros. Se desenvolvem durante o ano todo. As pupas têm o aspecto de vírgula, sendo móveis quando perturbadas. Os ovos são depositados (cerca de 200) em águas poluídas e turvas ou com presença de muita matéria orgânica em decomposição. O ciclo de ovo a adulto varia de 10 a 46 dias. É uma espécie obrigatoriamente de hábitos noturnos e que ocorre durante o ano todo. Pode ser vetor da filariose bancroftiana (elefantíase) para o homem. Essa doença é causada por parasitas (carregados pelo Culex) que se alojam no sistema sanguíneo do homem, causando o inchaço característico. Brasil veiculam também o vírus Oropouche.
Mosquito da dengue – Aedes aegypti: adulto escuro, rajado de branco, com manchas prateadas nas regiões laterais do tórax e abdome e com um desenho branco em forma de lira no escudo. Suas pernas são escuras com anéis brancos. As fêmeas atacam durante o dia, com maior intensidade ao amanhecer e no início do crepúsculo. O número médio de ovos depositados pelas fêmeas é 120. A oviposição é realizada nas paredes úmidas dos volumes de água, preferencialmente acima da superfície líquida. Os ovos são resistentes à dessecação por vários meses. Seus criadouros são recipientes artificiais, como pneus, latas, vidros, calhas e ralos entupidos, pratos de vasos, bromélias, bambus cortados, ocos de árvores, caixas d’água, cisternas ou mesmo lagos artificiais, piscinas e aquários abandonados. O período de incubação dos ovos é de 2 a 3 dias. O desenvolvimento entre ovo e adulto se dá de 7 a 10 dias. Além do incômodo causado, é vetor da febre amarela urbana e dengue.
Mosquito tigre asiático – Aedes albopictus: semelhante ao A. aegypti, diferenciando-se no desenho do escudo, tendo esta espécie somente uma faixa longitudinal de escamas prateadas. As fêmeas picam preferencialmente ao amanhecer e crepúsculo do dia. Para depositar seus ovos, essa espécie prefere locais que contenham água limpa e parada. Depositam cerca de 80 ovos. O ciclo total de dias leva apenas dias. É de grande importância médica por ser vetor da dengue em áreas rurais, suburbanas e urbanas da África. No Brasil ainda não foi incriminado como vetor da dengue e outros arbovírus, mas pode se tornar uma ponte entre os ciclos silvestres e urbano de febre amarela.
Mosquito-prego ou muriçoca – Anopheles darlingi: apresenta asas cobertas por escamas de cores claras e escuras que lhe dá um aspecto manchado e seu corpo mede menos de 1 cm de comprimento. Têm hábitos crepusculares e noturnos e preferem lugares quentes e úmidos. Reproduzem-se em represas, lagos, lagoas, remansos de rios, preferindo águas profundas, límpidas, pobres de matéria orgânica. Na época das chuvas, forma novos criadouros nos alagadiços, escavações e depressões de terreno. Esse mosquito é o agente transmissor da malária.
Problemas relacionados: Possuem importância agrícola, médica e veterinária. Do ponto de vista médico, existem os mosquitos sugadores de sangue, que podem ser vetores de doenças como a malária, febre amarela, dengue, encefalite, filariose, etc. A mosca doméstica ao entrar em contato com alimentos, pode vir a transmitir tifo e disenterias, a mosquinha lambe-olhos transmite a conjuntivite. Outra mosca de grande importância, mas que não ocorre no Brasil, é a Tse-tsé, causadora da doença do sono. De importância veterinária, as moscas varejeiras, a mosca-do-berne e a mosca-do-chifre se destacam.
Medidas preventivas: colocar telas protetoras em portas e janelas, acondicionar o lixo em sacos plásticos e em recipientes apropriados e devidamente fechados; descartar lixo e materiais que possam acumular água e sirvam de criadouros desses insetos; tratar e limpar periodicamente piscinas, caixas d’água, cisternas etc, mantendo-as bem tampadas e limpar periodicamente calhas e telhados.
Métodos de controle: A constante manutenção dos ambientes utilizando-se as medidas preventivas é a melhor forma de controle de mosquitos. Podem ser utilizados repelentes de mosquitos e se for o caso, larvicidas.
Biologia da Praga: Os pombos são de origem Asiática e convivem com o homem há mais de 10 mil anos. São considerados símbolos da paz, porém em áreas urbanas, se transformaram em pragas de grande importância, pelo aumento de sua população, causando incômodo, além de transmitirem doenças. Sua proliferação em ritmo acelerado, ironicamente, tem como principal causador aquele que também é o maior prejudicado por eles, ou seja, o homem. Isso se deve ao costume que muitos têm de jogar alimento aos pombos em praças e outros lugares públicos. Assim, quando ocorre uma infestação por pombos, geralmente se constata que os animais só estão infestando o local porque alguém os alimenta.
Sua plumagem geralmente apresenta tons de cinza, com tons mais claros nas asas, cauda riscada de negro e pescoço esverdeado. Porém essa coloração pode variar bastante. O bico é curto e fino. Pesam aproximadamente 370 gr, com 28 cm de comprimento.
Apresentam dimorfismo sexual sendo as fêmeas sempre menores que os machos. Alimentam-se geralmente de sementes e grãos, porém no ambiente urbano, podem comer o que estiver disponível, incluindo lixo. Constroem seus ninhos utilizando-se de gravetos, capim ou outros materiais e, preferem locais como blocos de apartamentos com fendas, frestas e balcões, bancadas de ar condicionado, beirais ou parapeitos de janelas e estruturas de galpões. Outra característica dos pombos é que raramente voam para muito longe do local onde costumam pousar. Estão presentes em quase todas as zonas urbanas, com exceção das regiões polares.
Ciclo de vida: Os pombos vivem em média de 3 a 4 anos em ambientes urbanos, podendo chegar até 15 anos em ambientes silvestres. Apresentam hábito monogâmico, ou seja, vivem com o mesmo parceiro o resto da vida. Atingem a maturidade sexual aos 3 meses de vida. A fêmea deposita 1 ou 2 ovos, de 8 a 12 dias após a cópula. Os ovos são incubados por um período de 17 a 19 dias e pode haver 4 a 6 ninhadas por ano.
Principal espécie: Família Columbidae: Os pombos que habitam a cidade de São Paulo são descendentes dos pombos-das-rochas – Columba livia livia, originários das regiões rochosas do leste Europeu e norte da África. Foram trazidos para o Brasil como animais de estimação ou aves domésticas, em meados do século XVI. Algumas destas aves se libertaram do cativeiro e conseguiram sobreviver e conviver de maneira selvagem, nas regiões em processo de urbanização. A espécie Columbia livia domestica obteve sucesso nos ambientes urbanos, pois as construções das casas rústicas, muitas vezes de barro e de pedras eram muito semelhantes aos penhascos rochosos do habitat natural das aves.
Possuem comportamento gregário, alimentando-se em grupos a procura de grãos e farelos, preferencialmente. Devido à grande capacidade de variação alimentar inerente a esta espécie, em especial em situações de maior competição por alimento (mais de 40 indivíduos por local, provocando duas bicadas por segundo), a preferência alimentar tem apresentado maior diversidade.
Problemas relacionados: São vetores de cerca de 60 doenças, dentre elas gripes, conjuntivites, toxoplasmose, salmoneloses, psitacoses (doença infecciosa que atinge primeiramente os pulmões e posteiormente baço e fígado), criptococose (doença causada por fungos que se desenvolvem em fezes secas, que infecciona os pulmões), coceiras (provocadas pelos piolhos e ácaros que ficam entre suas penas) e dermatites. Também podem provocar outros danos com acúmulo de penas e fezes, causando entupimentos de sistemas de drenagem, instalação de ninhos em sistemas de ar condicionado, bloqueio de calhas de telhado e infiltração no forro, alteração de sistemas de comunicação quando existe acúmulo de fezes em torres de transmissão. Em sua urina e fezes há uma grande concentração de esporos de fungos e ácido úrico, que corroem monumentos de pedra e bronze, destroem pinturas e rebocos de construções, danificam estruturas de concreto e pinturas de automóveis. Além disso, também podem provocar durante o vôo acidentes, porque podem colidir com aeronaves. Essa colisão pode provocar acidentes sérios, pois a força do impacto de uma ave com até 2,5 Kg com um avião em movimento, pode chegar a 5 toneladas, dependendo da velocidade desse avião.
Prevenção e métodos de controle
Como o ciclo reprodutivo dos pombos é regulado pela oferta de alimento, diminuir essa oferta é a principal medida a se tomar, conscientizando as pessoas do problema de fornecer alimento aos pombos e esclarecendo sobre os riscos e danos que tal hábito pode provocar.
Biologia da praga:
Nas áreas urbanas mundiais, estima-se que os gastos com tratamento, reparos e substituições de peças atacadas por cupins alcance, na atualidade, valores da ordem de US$ 5 a 10 bilhões anuais. Apenas na cidade de São Paulo, as perdas podem atingir algo em torno de US$ 10 a 20 milhões anuais. Dentre as cerca de 2700 espécies atuais de cupins existentes no mundo, apenas pouco mais de 70 são pragas.
São também chamados de térmitas, formigas brancas, siriris ou aleluias. Junto com as formigas, algumas abelhas e algumas vespas, são chamados de insetos eussociais, pois apresentam as seguintes características:
A cabeça dos cupins tem forma e tamanho variáveis, e olhos geralmente presentes nas formas aladas e atrofiados nas formas ápteras. O aparelho bucal é do tipo mastigador e bem desenvolvido, principalmente nos soldados. Apenas os cupins reprodutores apresentam 2 pares de asas membranosas, que possuem uma sutura basal, que se rompe e destaca-se do
corpo após a revoada.
A fonte alimentar básica dos cupins são os materiais celulósicos e lignocelulósicos sob diferentes formas: madeira viva ou morta (em diferentes estágios de decomposição), gramíneas, raízes, sementes, fezes de herbívoros, húmus, manufaturados, etc. Em termos gerais a digestão da celulose é feita com o auxílio de microrganismos simbiontes intestinais: bactérias e/ou fungos, nos chamados “cupins superiores” (toda a Família Termitidae) e flagelados, nos “cupins inferiores” (espécies das outras famílias).
Organização social: Antes de abordarmos sobre as castas, é bom esclarecer alguns termos usados para as formas imaturas, pois há uma nomenclatura diferente daquela normalmente utilizada na Entomologia. Assim, o termo “larvas” designam os imaturos sem broto alar, sem características de soldado e não pigmentados; “ninfas” são usados para designar imaturos sem características de soldado, com broto alar, ainda pouco pigmentados e “soldados brancos” ou “pré soldados” os imaturos pouco pigmentados, pouco esclerotizados, mas já com características de soldado.
Uma colônia é constituída por uma par real (rei e rainha) que são os reprodutores (férteis), os operários e os soldados (estéries). Cada uma destas castas têm funções muito diferentes.
Ciclo de vida: O desenvolvimento é incompleto, compreendendo as fases de ovo, ninfa e adulto. As ninfas sofrem mudas até chegarem à forma adulta. É durante essa fase de desenvolvimento que será definida a “finalidade” da ninfa, ou seja, se transformarão em operários, soldados, reprodutores alados ou de reposição, de acordo com a necessidade da colônia. No último estágio, as ninfas podem desempenhar as funções dos operários.
Após a revoada, os alados perdem as asas e juntam-se aos pares, saindo à procura de local adequado para o estabelecimento da nova colônia. Decorridos alguns dias após a cópula, a rainha começa a postura. As primeiras posturas originam apenas operários que darão início à construção da colônia, estes também servem de alimento. Depois de estabelecida a colônia, começam a surgir os indivíduos das outras castas. Após atingir a maturidade da colônia (por volta de 5 anos), começam também a surgir os indivíduos alados que irão fazer novas revoadas e estabelecimento de novas colônias.
Principais espécies:
Família Kalotermitidae - Cupim de madeira seca - Cryptotermes brevis: soldados com 4 a 5 mm de comprimento, com cabeça fragmótica de coloração marrom escura a preta, mandíbulas esmagadoras, curtas e robustas. Pseudooperários de coloração branca ou amarelada. Alados pigmentados com asas hialinas (transparentes) e iridescentes. As colônias são pequenas (pouco mais de 1000 indivíduos) e são inseridas diretamente na fonte alimentar (madeira seca).
Desenvolvem-se lentamente, podendo demorar 5 anos para tornar-se maduras,vivendo por mais de 10 anos. Os soldados usam a cabeça para tapar a entrada da colônia. Os integrantes da colônia deixam pelotas fecais típicas em forma de pequenos grânulos. Pelotas fecal escuras devido a oxidação denota infestação antiga. O gênero Cryptotermes tem distribuição mundial e é a mais importante praga entre os ditos cupins de madeira seca. Esta espécie é a segunda maior praga entre os cupins de áreas urbanas.
Medidas preventivas: madeiras tratadas durante a construção do imóvel ou montagem dos móveis, telas para prevenir a entrada de alados nas áreas internas da estrutura, proteção da superfície exterior das madeiras com tintas, vernizes ou outras coberturas apropriadas, com o objetivo de tapar frestas e rachaduras onde os cupins possam se alojar, aplicar cupinicida em todas as superfícies não acabadas dos móveis (aquelas que não tem tinta ou verniz - como a parte de baixo e de trás dos móveis, gavetas, etc.), assim como as juntas nas madeiras, seguindo sempre as instruções de uso, realizar inspeções periódicas em armários, madeiramento do telhado e outras estruturas e não transportar móveis e objetos infestados.
Métodos de controle: Os tipos de controle podem ser: polvilhamento (insuflação), que consiste na aplicação de um pó dentro de conduites, utilizando polvilhadeira; injeção de produtos, onde se utiliza dos próprios furos da madeira feito pelos cupins. Pode ser feito utilizando-se seringas ou pequenos pulverizadores; pincelamento, aplicando-se o produto em três demãos; imersão, com eficiência no tratamento preventivo em peças avulsas e sem acabamento.
Família Rhinotermitidae - Cupins subterrâneos - Coptotermes e Heterotermes: alimentam-se de madeira e derivados de celulose. Os ninhos são construídos em locais ocultos no solo ou em cavidades, onde a umidade e ausência de luz são condições ideais para construção do ninho. As colônias são consideravelmente grandes, compostas por milhares de indivíduos. Exploram largamente o ambiente sempre à procura de novas fontes de alimento. A principal característica desses cupins é a construção de túneis “de terra” (composto por fezes, outras secreções e terra), denominados túneis de forrageamento.
Coptotermes gestroi: Soldados com 5 mm, cabeça ovalada de cor amarelada com fontanela grande e arredondada, corpo claro, quase branco. Possui uma defesa mecânica (mandíbulas bem desenvolvidas) combinada a uma defesa química (produção de substância pegajosa de cor leitosa). Os operários são cegos e de coloração esbranquiçada. A rainha fisiogástrica mede aproximadamente 2 cm de comprimento e o rei têm 6 mm. As colônias têm milhões de indivíduos, realizam caminhamentos típicos em forma de túnel. Madeiras ou locais infestados ficam recobertos com placas fecais (manchas) de coloração branca.
Heterotermes sp.: os soldados são dimórficos, com cabeça retangular, alongada e de coloração amarelo alaranjada. As mandíbulas são finas e longas com extremidades voltadas para dentro. Os operários são cegos, brancos amarelados e os reprodutores alados são delgados, alaranjados e de asas claras. Fazem caminhamentos típicos em forma de túnel, e seus ninhos são difusos no solo com grande poder dispersivo. Essas espécies são encontradas também em ambiente agrícola.
Medidas preventivas: Remoção de todos os restos de raízes de árvores, tocos, ou outras madeiras dentro da área de construção antes do início da obra é importante, bem como a retirada de todos os pedaços de pau e estacas antes da aplicação do concreto, além das tábuas de moldes para a concretagem.
Fundações de concreto adequadamente reforçado previnem grandes contrações e o aparecimento de fendas, as quais permitem a passagem dos cupins. Pode ser feito ainda, o tratamento do terreno. A utilização de blocos ocos na construção deve ser evitada. Pilastras de madeira nas fundações devem ser previamente tratadas. Fundações, paredes, muros e pisos devem ser protegidos com produtos cupinicidas de ação residual, constituindo uma barreira eficiente, porém temporária, contra cupins.
As madeiras que venham a ficar em contato com as estruturas da construção devem sofrer pulverizações. Madeiras denominadas moles podem ser tratadas por pulverização, pincelamento ou imersão, com produtos de longa ação residual.
O tratamento em madeiras deve ser realizado aplicando-se o inseticida junto a um veículo (solvente) próprio, como querosene, álcool, isoparafina ou mistura de hidrocarbonetos, para uma melhor penetração no seu interior, evitando danos à(s) peça(s).
O gesso em acabamentos não deve conter material celulósico. Os revestimentos como azulejos, lajotas e outros devem ser realizados com argamassa contínua para o total preenchimento de espaços sob o material.
Métodos de controle: O controle deste tipo de cupim é difícil e complicado, uma vez que seus ninhos nem sempre se encontram nos locais de ataque, podendo estar a metros de distância da área atacada. Devido a este comportamento, o controle torna-se difícil, não sendo recomendado que se aplique qualquer produto, pois a infestação tende a se espalhar pela área. Confirmandose ser o cupim subterrâneo, o trabalho deverá ser feito por empresa profissional, através do controle químico e controle de eliminação da colônia por iscagem.
Família Termitidae - Cupins arborícolas - Nasutitermes spp.: os soldados possuem a cabeça globosa de coloração variada (preta ou marrom) e nasus desenvolvidos (proteção química). Os soldados são, robustos e escuros. Reprodutores alados escuros e de asas pretas. São encontrados na região litorânea. São tipicamente arborícolas, mas também possuidores de ninhos subterrâneos. Os ninhos são conhecidos como “cabeça de nego”. As colônias possuem milhões de indivíduos e podem permanecer ativas por 50 a 80 anos. Fazem caminhos em forma de túneis escuros característicos. Infestam mourões de cercas, postes de madeira, árvores e edificações.
Métodos de controle: O tratamento em geral é a execução de barreira química ao longo das áreas perimétricas, junto aos alicerces, conduítes elétricos, tratamento do madeiramento por pulverização, injeção ou imersão, infiltração em lajes ou aberturas delas para retirada dos ninhos. Os produtos utilizados são de grande poder residual, e devem ser aplicados diluídos em hidrocarbonetos (querosene, ou isoparafina).
Cupins de solo ou grama - Neocapritermes sp.: os soldados possuem corpo escuro, cabeça alaranjada e mandíbulas longas, assimétricas e retorcidas. Os operários têm a cabeça clara e o abdome escurecido. Alados com corpo e asas pretas. Encontramse infestando gramados, normalmente em madeiramentos em decomposição. Os ninhos são subterrâneos e difusos no solo. Realizam galerias no sistema radicular das plantas prejudicando a absorção de água e nutrientes e a translocação dos mesmos. A presença de mudas mortas entre as plantas sadias costuma ser um indicativo da atividade dos cupins.
Cupim de montículo - Cornitermes cumulans: os ninhos são em montículos, de formato variável, com 50 a 100 cm de altura. Apresentam uma câmara externa de terra, com 6 a 10 cm de espessura e cimentada com saliva e a câmara interna, de celulose e terra, menos dura e com galerias. Existem controvérsias quanto aos danos causados por esses cupins, porém, em áreas urbanas, o problema está relacionado à estética e também ao fato de atraírem escorpiões, que se alimentam desses cupins, podendo assim provocar acidentes.
Syntermes spp.: cupins de tamanho avantajado. Soldados grandes, monomórficos, com mandíbulas robustas e longas, cabeça grande e subretangular, de coloração vermelha ou laranja avermelhada e brilhante, com fontanela visível. Os operários são trimórficos, com cabeça de coloração variando de amarelo a alaranjado. Alados bem pigmentados e de tamanho chegando aos 4 a 4,5 cm de comprimento. Possuem hábitos noturnos, os ninhos são subterrâneos, profundos e difusos. Infestam gramados, campos de futebol e golf, em residências e praças, notando-se o amarelecimento e seca em reboeiras do gramado e dificuldade de rebrota. Assemelham-se às formigas cortadeiras.
Métodos de controle: Pode ser feito o encharcamento do gramado por pulverização com inseticida a baixa concentração, mas bem irrigado e em horários de sol fraco. O produto não poderá ser fitotóxico. Para o controle do cupim de montículo há a necessidade de que o produto seja colocado no interior do cupinzeiro, com o auxílio de uma barra de ferro com aproximadamente 80 cm de comprimento e de uma marreta, faz-se a perfuração vertical e central do cupinzeiro até que se atinja a câmara celulósica executando a pulverização.
Problemas relacionados: Os principais danos causados por cupins são nas estruturas de madeira, móveis e outros derivados de celulose como livros e papeis em geral. Podem causar danos a cabos elétricos e telefônicos subterrâneos ou não, com lesão do envoltório protetor e consequente perda de energia ou provocando panes. No caso de cabos embutidos em conduites e em caixas de chaves, interruptores e tomadas, o cupim acarreta risco de curto-circuito e incêndio. Os danos também são notados em árvores urbanas, com risco de queda de ramos maiores e enfraquecimento do suporte lenhoso e tombamento das árvores.
Semelhanças biológicas entre cupins e formigas
Diferenças entre cupins e formigas
Biologia da Praga: Assim como os cupins, algumas abelhas e vespas, as formigas são insetos eussociais. Alimentam-se de uma diversa gama de alimentos, seja doce, salgado, óleos, outros animais ou vegetais e algumas espécies se alimentam de fungos.
As colônias variam em tamanho e os ninhos podem ser construídos no chão, em cavidades de madeiras ou troncos ou mesmo no interior de residências em frestas de azulejos, batentes de portas, sob o piso, aparelhos domésticos e o mobiliário.
Ciclo de vida: O desenvolvimento é holometábolo (ovo, larva, pupa e adulto). A partir dos ovos nascem as larvas, que de acordo com a alimentação que recebem, podem se tornar operárias, soldados ou fêmeas férteis (rainhas). As larvas são completamente dependentes das operárias para a movimentação e alimentação. Passam por vários estágios de desenvolvimento, denominado ínstares, que variam de acordo com a espécie. Quando totalmente desenvolvidas, transformam-se em pupas, fase intermediária entre o estágio larval e adulto. As pupas são dependentes das operárias somente para a locomoção, uma vez que não se alimentam.
A duração do ciclo desde ovo até adulto pode variar em torno de 35 – 45 dias. O tempo de vida também varia conforme a casta a que o inseto pertence e também à sua espécie, sendo que as operárias vivem cerca de 2 meses a 1 ano, as rainhas podem viver de 2-20 anos conforme espécie e os machos morrem logo após a cópula.
Os machos provém de ovos não fecundados. Quando a rainha copula, recebe esperma suficiente para durar sua vida inteira, armazenando-o em um órgão especializado, a espermateca. Com relação aos ovos fecundados (operárias e rainhas), o que vai diferenciá-los é a alimentação.
Formigas Urbanas
Formiga fantasma – Tapinoma melanocephalum: operárias todas do mesmo tamanho, variando de 1,3 a 1,5 mm de comprimento. Apresentam cabeça e tórax escuros com cintura e abdome claros. Formam trilhas perfeitas em busca de alimentos. É encontrada no solo, madeiras em decomposição, partes de árvores doentes, e principalmente dentro das casas. As colônias são formadas pela migração de uma ou mais rainhas acompanhadas das operárias. Não realiza vôo nupcial. Em residências, ficam atrás de azulejos, batentes de portas e rodapés.
Formiga-louca – Paratrechina longicornis: seu nome se dá ao hábito das operárias andarem rapidamente e em círculos. Sua coloração varia de marrom escuro a preta e as antenas são bastante longas. As colônias são pequenas com várias rainhas. Geralmente constroem seus ninhos fora das residências, no solo sob objetos, em material depositado no chão como madeira. Dentro das residências pode fazer os ninhos atrás de janelas e sobre forros de estuque. É comum em hospitais e seu controle é muito difícil.
Formiga-do-faraó – Monomorium pharaonis: coloração varia de amarelo ao marrom claro, medem de 1,2 a 2,0 mm de comprimento. Seus ninhos limitam-se a ambientes domésticos, sendo um risco potencial para a saúde pública, especialmente quando ocorrem em hospitais, pois são vetores mecânicos de patógenos. A fundação de novas colônias ocorre principalmente por fragmentação. É uma das espécies mais difíceis de ser controlada, pois é altamente dominante sobre outras espécies.
Formiga argentina – Linepithema humile: coloração varia entre marrom claro e escuro. As operárias são monomórficas. A antena não é mais longa que o corpo e as pernas são proporcionais. Faz seus ninhos próximos às fontes de alimento e água, como pias, vasos de plantas encanamentos, etc. O fato de expulsar as outras espécies de formigas do território onde estabelece seus ninhos favorece a dispersão, dificultando o controle. Alimenta-se de substâncias açucaradas, carnes, insetos mortos, sucos de frutas, etc.
Pequena fomiga-de-fogo – Wasmannia auropunctata: operárias monomórficas, pequenas com 1,5 mm de comprimento. Sua coloração é marrom dourada e o ferrão é presente, mas raramente aparente. Ficam no exterior das residências, em lugares desde muito secos até muito úmidos. As colônias contêm muitos indivíduos e podem ter mais de uma rainha. Esta formiga ferroa dolorosamente e a dor pode durar várias horas. Em ambientes domésticos costuma infestar roupas, camas, berços e alimentos. Consome carnes e óleos.
Formigas lava-pés – Solenopsis spp.: também chamadas de formigas de fogo. Sua coloração varia do marrom avermelhado ao preto brilhante. Apresenta tamanhos variados. Nidificam geralmente fora das residências e seus ninhos são facilmente identificados, pois apresentam um monte de terra solta que, se mexido, saem grande número de operárias que ferroam dolorosamente. Essas picadas causam bastante ardor, formando bolha no local atingido. Pode infestar aparelhos elétricos e cabines de eletricidade. No interior das residências, procura por migalhas de alimentos e é atraída por substâncias oleosas.
Formigas-carpinteiras – Camponotus spp.: coloração pode variar do amarelo ao preto e apresentam tamanhos variados. O tórax quando observado de perfil é arredondado. Algumas espécies expelem ácido fórmico, um líquido com odor característico. Nidificam em cavidades no solo ou em árvores e, dentro de residências, podem ser encontradas atrás de batentes de janelas e portas, rodapés, assoalhos, fendas em paredes, dentro de gavetas e forros de madeira. Porém não se alimentam da madeira. Podem infestar aparelhos elétricos. Algumas espécies têm hábitos noturnos. Preferem substâncias adocicadas, mas podem se alimentar de carne.
Formiga cabeçuda – Pheidole megacephala: operárias apresentam dois tamanhos, sendo que as maiores são os soldados, encarregados da proteção da colônia. Sua coloração varia entre vermelho-amarelado e marrom-avermelhado. Nidificam geralmente fora das residências e, são as primeiras a aparecerem em casas recém-construídas. Dentro de residências, geralmente aparecem nos rodapés. Seus ninhos podem ser localizados facilmente seguindo as trilhas das operárias.
Formigas acrobáticas – Crematogaster spp.: .são facilmente reconhecidas pelo seu abdome em formato de coração e tórax que ostenta um par de espinhos. Podem apresentar coloração amarela, marrom clara e marrom escura. Quando ameaçadas, levantam seu abdome por cima do tórax em um ângulo quase reto, uma verdadeira acrobacia. Nidificam em ocos de árvores, montes de madeira, folhas de árvores no chão e no solo e, quando no interior de residências, em estruturas de madeira e cavidades em paredes de alvenaria.
Problemas relacionados: Em áreas urbanas encontram ambientes propícios para a construção de seus ninhos. Causam bastante incômodo quando ocorrem em áreas de alimentação, podendo deteriorá-los e contaminá-los. Infestam e danificam aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos e percorrem todos os ambientes da casa, inclusive banheiros. Em hospitais, caminham sobre instrumentos médicos, UTI’s, centros cirúrgicos ou berçários, podendo carregar bactérias e fungos junto ao corpo. Além disso, podem ferroar de forma dolorosa e provocar reações alérgicas.
Medidas preventivas: Fechar orifícios e frestas dentro das residências, guardar alimentos em recipientes bem vedados e se possível dentro da geladeira. Descartar adequadamente o lixo e manter o ambiente livre de resíduos alimentares. Podem ser depositados sachês de cravo-daíndia nos locais onde as formigas são indesejáveis, colocar fitas dupla face nos pés de mesas, bancadas ou até macas de hospitais. Aplicar uma diluição de água e detergente (1:1) com o auxilio de uma seringa sem agulha nos buracos de onde se vê as formigas saindo, em áreas internas e de baixa infestação.
Formigas Cortadeiras – As formigas cortadeiras recebem esse nome, pois cortam as folhas das plantas que servem de substrato para o cultivo de fungos, que são sua fonte de alimento. São causadoras de danos à agricultura, sendo que a importância do seu estudo deve-se aos prejuízos causados às plantações, à vasta distribuição e ao controle difícil e oneroso. Em áreas urbanas, porém, podem ocasionar danos em jardins residenciais e eventualmente invadir as casas.
Formigas saúvas – Atta spp.. As operárias apresentam vários tamanhos, sendo divididas em: jardineiras (menores e com função de triturar os pedaços de vegetais, colocando-os à disposição dos fungos); as cortadeiras (com tamanho médio e função de cortar e carregar o material vegetal para o formigueiro) e soldados (são as maiores com cabeça grande, têm como principal função proteger a colônia). Apresentam 3 pares de espinhos no tórax. No formigueiro há apenas uma rainha, chamada popularmente de içá ou tanajura, que é bem maior que o restante do formigueiro e, quando essa morre, o restante do formigueiro também morre em poucos meses. Os machos são conhecidos como bitus e morrem após o acasalamento. A reprodução se dá por meio de revoadas em dias quentes e chuvosos. Seus ninhos geralmente são facilmente visualizados. São formados por montes de terra solta, nos quais podem ser observados vários orifícios (olheiros), que dão acesso ao interior do ninho.
Formigas quenquéns – Acromyrmex spp.: Diferenciam-se da ssaúvas por possuírem 4 pares de espinhos no tórax. As operárias também apresentam tamanhos e cores variados. Neste gênero de cortadeiras, os machos não recebem nomes comuns e as fêmeas aladas são chamadas de rainhas. Os ninhos não são visualizados com facilidade, podendo ser cobertos por palha, terra e fragmentos de vegetais, alguns podem ter montes de terra solta, porém são bem menores que os das saúvas. A reprodução se dá por meio de revoadas.
Medidas preventivas: uso de um cone invertido, de qualquer material resistente (borracha, plástico ou metal) preso ao tronco da planta. Passa-se graxa na parte interna do cone impedindoassim a subida das formigas no vegetal. Pode-se realizar o plantio de plantas sabidamente não atraentes para as formigas cortadeiras, principalmente naquelas regiões onde estas espéciessão muito abundantes.
Métodos de controle: Inseticidas em pó, iscas granuladas, gases, ou inseticidas termonebulizáveis. Os produtos granulados devem ser espalhados perto das plantas atacadas, nos seus pontos de passagens, ou perto de seus ninhos, nunca dentro dos olheiros. Os produtos na formulação gás, pó seco ou termonebulização só podem ser aplicados diretamente dentro de seus ninhos através de seus olheiros, isto com auxilio de um equipamento específico. Aconselha-se mesclar o controle, assim a deficiência de um é suprida pela eficiência do outro. Todos eles requerem um monitoramento frequente e diversas aplicações para um controle eficiente.
Biologia das Pragas: As baratas são consideradas os organismos mais bem sucedidos e adaptados entre todos os animais do mundo. Seus fósseis datam cerca de 300 milhões de anos. Das cerca de 4.000 espécies descritas, menos de 1% são consideradas como pragas urbanas. O tamanho das baratas varia entre 3 mm a 10 cm de comprimento dependendo da espécie. Apresentam um corpo oval, achatado dorso-ventralmente, e em geral uma coloração escura. Gostam de lugares quentes e úmidos, sendo encontradas na serrapilheira, sob pedras, cascas de árvores, em ninhos de himenópteros e isópteros, no interior das edificações humanas e na rede de esgoto. Há algumas espécies semi-aquáticas e aquáticas e outras que vivem em desertos e cavernas. Apresentam cheiro característico (odor desagradável ao homem), produzido por glândulas situadas no abdome.
Ciclo de vida: Ovo, ninfa e adulto (metamorfose incompleta ou hemimetábolos). Na maioria das espécies, os ovos estão contidos em um estojo denominado de ooteca.
Barata de esgoto - Periplaneta americana: a longevidade média dos adultos é de um ano, sendo menor para os machos. O ciclo biológico, do ovo à morte do adulto pode chegar a 3 anos. Mede cerca de 30 mm a 45 mm de comprimento, o período de incubação dos ovos é de 25-40 dias e o período de desenvolvimento das ninfas é de 130-150 dias com 9 a 13 mudas (machos e fêmeas). As fêmeas produzem de 10 a 15 ootecas, cada uma apresentando entre 14 e 28 ovos. Podem resistir de 2 a 3 meses sem alimento e 1 mês sem água.
Barata alemã, francesinha ou barata de cozinha - Blatella germanica: longevidade de 4 meses para machos e 6 meses para fêmeas. Mede cerca de 12 a 16 mm de comprimento e possui uma coloração amarelada. Prefere temperatura acima de 21ºC. As fêmeas carregam as ootecas (4 a 8) durante quase todo o período de incubação dos ovos e as ninfas completam seu desenvolvimento em uma média de 36 dias. As ootecas possuem maior número de ovos (30-40) e apresentam tempo médio de vida de 300 dias. Os machos são mais finos e com asas menores que o abdome e as fêmeas têm asas maiores, ambas com 2 faixas pretas longitudinais no pronoto. Resistem em média 30 dias sem alimentos e 15 dias sem água, permanecendo escondidas e protegidas até que possam sair em segurança.
Principais espécies:
Problemas relacionados: por viverem em locais sujos como bueiros, contaminam alimentos, causando doenças como diarreia e desinteira. Carregam bactérias, vírus, esporos de fungos e podem causar alergias. Além disso, podem ocasionar danos consideráveis em roupas, livros, etc. - além de impregnarem os locais com cheiro desagradável e característico.
Medidas preventivas: Remova resíduos de bancadas, masseiras, espremedores, fogões, coifas e outros equipamentos, guarde alimentos em recipientes fechados. Realize uma pré-seleção de mercadorias que entrem no ambiente. Acondicione o lixo em sacos plásticos, dentro de recipientes apropriados, limpos e bem fechados. Vede frestas, coloque telas, grelhas, ralos do tipo "abre-fecha" ou outros métodos que impeçam a entrada desses insetos através de ralos e encanamentos. Caixas de gordura e esgoto devem ser mantidas bem fechadas e limpas periodicamente. Mantenha bem justas as tampas dos interruptores de luz e saídas de telefone.
Métodos de controle: Para a realização do monitoramento e avaliação do nível de infestação do local existem armadilhas à base de cola. Como controle químico, são realizadas as técnicas de pulverização ou micropulverização líquida, polvilhamento, gel inseticida e termonebulização.
Biologia da praga: Dentre as espécies que causam prejuízos ao homem, podemos destacar as ratazanas, o rato de telhado e os camundongos, sendo assim, consideradas espécies domiciliares.
Possuem hábitos noturnos, saindo à luz do dia somente quando sua população aumenta muito e há insuficiência de alimento. Na falta de alimento, possuem mecanismos que limitam a população como: baixa da fertilidade e fecundidade das fêmeas, supressão de cios, canibalismo, dentre outros. O canibalismo é prática comum numa colônia de ratos, ocorrendo com o intuito de eliminar ratos doentes ou machucados ou mesmo filhotes de outras colônias.
Assim, os ratos não admitem que outro penetre seu território, combatendo-o de forma feroz. Seus órgãos sensoriais são bastante desenvolvidos, porém enxergam mal, não percebendo cores, apenas variações entre claro e escuro. São onívoros com preferência por alimentos gordurosos, comendo por volta de 20 a 30 gramas por dia e bebem de 15 à 30 ml de água por dia. São ótimos nadadores, podendo permanecer bom tempo submersos, além de muito ágeis. Geralmente habitam terrenos sujos e abandonados, redes de esgoto, margens de córregos, depósitos de lixo e afins, podendo viver em tocas e buracos no solo.
Ciclo de vida: O ciclo de vida pode variar conforme espécie. De uma forma geral atingem a maturidade sexual aos 3 meses. O ciclo de vida dura em média de 9 a 12 meses e o período de gestação até 22 dias. O número de ninhadas por ano varia de 6 a 8 e o número de crias varia de 5 a 12.
Principais espécies:
Ratazana ou rato de esgoto – (Rattus norvegicus) prefere dominar o nível do solo, onde escava e habita tocas e túneis. Seu tamanho médio é de 45 cm e seu peso varia entre 120 e 500 gr. Habitam locais úmidos, ao lar livre, em tocas que fazem na terra, margens de rios, em lixo empilhado e debaixo de construções. Podem também ocupar áreas de esgotos, lixeiras, caves de habitações, armazéns, quintais e áreas agrícolas.
Rato-preto ou rato-de-telhado – Rattus rattus: corpo esguio com 20 cm de comprimento, podendo pesar de 100 a 350 gramas. Pelagem delicada e dorso preto ou cinza, orelhas e olhos grandes e salientes em relação à cabeça. As patas com calos estriados e sem membranas interdigitais, cauda fina em chicote com poucos pelos medindo 19 a 25 cm. As fezes têm pontas afiladas e são grandes, com cerca de 1 cm. Vivem em locais altos como forros e possuem grande habilidade em escalar paredes e estruturas. Podem subir pelo interior e exterior de canos ou calhas verticais e equilibrar-se sobre cordas, fios e canos
Camundongo – Mus musculus: de pequeno porte com cerca de 9 cm de comprimento, pesa de 10 a 25g. A cauda é fina e sem pelos medindo 7 a 11 cm. Os olhos são grandes e predominantemente pretos. Apresenta orelhas redondas, grandes e sem pelos. Não apresenta membrana interdigital nos pés. Suas fezes são em forma de bastonetes, finas e terminadas em pontas afiladas, porém de tamanho bem reduzido (0,8 com), podendo até ser confundidas com fezes de baratas. Vivem dentro das casas e edifícios, fazendo seus ninhos em amontoados de materiais, gavetas, armários, porões, etc. Conseguem passar por pequenos orifícios, desde que sua cabeça passe.
Problemas ocasionados: Atacam os produtos alimentícios em residências e comércio. Danificam fios, cabos elétricos e de telefone, podendo provocar incêndios. Estragam sacarias, roupas, livros, objetos de madeira etc. Também contaminam a água e suas pulgas podem atacar o homem, sendo assim, vetores de doenças como a peste bubônica, o tifo, a toxoplasmose, leptospirose, hantavirose, dentre outras (mais de 200 doenças).
Medidas preventivas:
Barreiras físicas:
Métodos de controle: Podem ser utilizados pós de contato, placas de cola (eficientes para camundongos e observação do nível de infestação), líquidos, blocos sólidos parafinados, iscas granuladas que podem ser do tipo granuladas ou parafinadas.
Biologia das pragas: Os escorpiões são animais invertebrados terrestres, carnívoros e de hábitos noturnos. Procuram locais quentes, úmidos e escuros para se abrigarem. Em regiões urbanas são encontrados facilmente atrás de vasos sanitários, junto a roupas, atrás de batentes de portas, tacos soltos, dentro de sapatos, sob pedras e entulhos, etc. Das espécies conhecidas, 25 podem causar acidentes com óbitos.
O corpo está dividido em duas partes: cefalotórax e abdome, possuem 4 pares de pernas. O órgão inoculador de veneno é chamado de télson. Seus pedipalpos são longos e modificados apresentando uma pinça na extremidade, semelhante às pinças dos caranguejos. São estruturas de defesa e captura de alimento. Sua alimentação é baseada em insetos invertebrados como cupins, grilos, baratas, moscas e aranhas. Seu tamanho pode variar de 12 mm até 21 cm de comprimento, de acordo com a espécie.
Ciclo de vida: chegam à maturidade em 1 a 3 anos, com período de vida de 2 a 6 anos (sendo 8 anos o maior tempo já registrado). A reprodução dos escorpiões amarelos se dá por partenogênese, para isso, basta que a fêmea encontre calor e alimento. Desta forma, só existem fêmeas dessa espécie e sua multiplicação ocorre muito mais facilmente. Quanto aos escorpiões pretos ou marrons, a fecundação é cruzada. O número de filhotes varia de 15 a 25 de acordo com a espécie e, após o parto, os filhotes se alojam no dorso da mãe, ali permanecendo por cerca de uma semana até sofrerem a primeira ecdise, então se dispersam, começando vida independente.
Principais espécies: No Brasil os escorpiões de importância médica pertencem ao gênero Tityus. Este gênero é foco nas empresas controladoras de pragas.
Escorpião Amarelo – Tityus serrulatus: 5 a 7 cm de comprimento, coloração amarelada, pernas e palpos sem manchas, cefalotórax e abdome escuros. Possui uma serrilha no 4º segmento da cauda e a presença de espinho no télson. É o mais venenoso e mais frequentemente encontrado na região Sudeste, sendo o Paraná, Bahia e sul de Goiás os locais com maior incidência.
Escorpião preto ou marrom - Tityus bahiensis: 5 a 7 cm de comprimento, coloração marrom avermelhado, cefalotórax e abdome mais escuros e sem manchas. Apêndices mais claros com manchas na mesma cor do corpo. É encontrado da Bahia ao norte da Argentina, além de Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Problemas relacionados: acidentes com as picadas, sendo que o escorpião amarelo é o responsável pelos acidentes mais graves. Essas picadas são muito doloridas e podem provocar diversos sintomas, sendo letais em alguns casos, principalmente em crianças abaixo de 7 anos.
Medidas preventivas: em locais onde há infestações, mantenha camas afastadas das paredes (cerca de 10 cm). Mantenha o local livre de insetos que sirvam de alimentos aos escorpiões, como baratas. Não deixe entulhos, lixo e restos de materiais de construção em áreas próximas à residência, mantenha ralos bem fechados, vede frestas e buracos que possam servir de abrigo, coloque telas protetoras em portas e janelas. Sempre examine roupas e sapatos, sacudindo-os antes de utilizá-los.
Métodos de controle: pulverização direta e no perímetro da área infestada, nos pontos de abrigo, passagem e alimentação do escorpião, de preferência utilizando um produto de bom poder residual.
Biologia da Praga: São pequenos insetos de formato oval que medem cerca de 1 cm de comprimento. Possuem coloração castanha avermelhada, corpo achatado e sem asas. Alimentam-se de sangue humano, e como normalmente ficam escondidos durante o dia, picam as pessoas durante a noite. Os adultos, entretanto, conseguem viver um ano sem se alimentar. As camas são os locais mais comuns para esses insetos alojarem-se, alimentarem-se e depositarem seus ovos. Porém podem ser encontrados em poltronas, cadeiras estofadas, fendas nas paredes e molduras e pilhas de roupas.
Ciclo de vida: As fêmeas podem ovipositar cerca de 500 ovos durante a vida. As posturas são parceladas, sendo que diariamente uma fêmea coloca de 1 a 4 ovos.
Principais espécies: Cimex lectularius e Cimex hemipterus
Problemas relacionados: Apesar de não transmitirem doenças, causam um grande desconforto ao homem. As picadas causam prurido, inchaço e inflamação, levando à irritação da pele. Com o passar do tempo, a exposição constante à saliva injetada pode resultar uma reação alérgica. Alguns sinais de sua presença são: fezes com cor de ferrugem, restos de suas mudas nos lençóis e no colchão. Em casos de infestações sérias, um cheiro doce característico pode ser percebido no ambiente.
Métodos de controle: Pulverização e expurgo. Aspiração de todos os carpetes, móveis estofados e rachaduras na madeira e mofo, descartando todo o resíduo do aspirador em seguida, lavagem dos tecidos atingidos (roupas, roupas de cama etc.), realizar exposição prolongada a temperaturas acima de 49ºC ou abaixo de 0ºC. Notificar sua presença a alguma autoridade competente
Biologia das Pragas: Existem cerca de 2.500 espécies de pulgas em todo o mundo. São ectoparasitas de aves e, principalmente, mamíferos e causam bastante incômodo ao homem quando infestam o ambiente.
Medem de 1 a 6 mm de comprimento, corpo comprimido (achatado lateralmente), facilitando sua locomoção entre os pelos do hospedeiro. Apresentam coloração marrom avermelhada. Cabeça curta, não destacada do corpo, antenas curtas e olhos reduzidos ou ausentes. Asas ausentes e pernas adaptadas para movimentos rápidos e saltos a longas distâncias. Preferem ambientes úmidos e não muito quentes.
Alimentam-se do sangue do hospedeiro e, somente os adultos sugam o sangue. As larvas alimentam-se de sangue seco e resíduos em geral eliminado pelas pulgas adultas no ambiente. Uma pulga alimentada vive até 500 dias e sem alimento, até 125 dias.
Ciclo de vida: São holometábolos, ou seja, seu ciclo de vida compreende as fases de ovo, larva (3 ínstares), pupa e adulto. A reprodução das pulgas é sexuada. As fêmeas colocam de 300 a 400 ovos e somente após a sucção de sangue. Esses ovos podem ser depositados no hospedeiro, ninho ou chão e eclodem após 2 a 16 dias. O período larval dura de 12 a 30 dias; formam um casulo pegajoso, onde se transformam em pupa do tipo livre (ficam aderidas ao ambiente). Após 7 a 10 dias, emerge o adulto.
Pulga do homem - Pulex irritans: Pode sugar outros hospedeiros como suínos, cães e gatos e, raramente, ratos. Sua ocorrência é maior em casas muito velhas. Era a espécie principal do homem por habitar principalmente seus ambientes, mas está quase totalmente erradicada.
Pulga do rato - Xenopsylla cheopis: tem como principal hospedeiro o rato urbano. Também pode atacar outros mamíferos e o homem. Principal transmissora do agente da Peste Bubônica, doença epidêmica contagiosa, causando manchas escuras na pele e hemorragias internas.
Pulga do cão - Ctenocephalides canis: pulga de cães e gatos, também podendo picar o rato, outros animais e o homem. Comum em regiões de clima frio. Sua principal característica é possuir uma sutura (prega) dupla no segundo segmento do terceiro par de pernas.
Pulga do gato – Ctenocephalides felis: também ataca ao homem e vários outros animais. Capaz de transmitir doenças ao homem, além de provocar alergias. Mais comum em regiões de clima quente.
Bicho de pé - Tunga penetrans: comum nas zonas rurais. A fêmea fecundada penetra na pele do homem e outros animais, causando forte coceira e ulceração. Adquire-se andando em áreas infestadas como currais, chiqueiros e praias, sem a devida proteção.
Problemas relacionados: Além do desconforto ao homem e seus animais domésticos, as pulgas também transmitem viroses, vermes e doenças causadas por bactérias (peste bubônica, tularemia e salmonelose), pois podem variar de hospedeiro. Podem ocorrer grandes infestações, pois as larvas escondem-se em locais protegidos da luz como frestas de assoalhos, sob almofadas de poltronas e sofás, bordas de colchões, base de tapetes e carpetes, etc.
Medidas preventivas: Manter sempre limpo o local onde seu animal dorme, removendo e lavando todos os objetos (panos, cobertores, etc.) uma vez por semana. Em ambientes com piso de tacos ou tábuas, todos os vãos existentes devem ser calafetados, uma vez que podem servir de abrigo para pulgas no ambiente. Tapetes carpetes e capachos devem ser aspirados para a remoção dos ovos, larvas, casulos e adultos de pulgas, descartando o saco do aspirador em seguida.
As casas devem ser limpas pelo menos uma vez por semana, com o auxílio de um aspirador de pó. IMPORTANTE: Descarte o filtro do aspirador após a limpeza, pois as larvas das pulgas podem eclodir dos ovos coletados pelo aspirador ou pulgas adultas podem emergir de suas pupas e re-infestar o ambiente. O filtro deve ser colocado em um saco plástico, aplicando-se inseticida de uso doméstico e descartado fora da estrutura.
Pode a grama e faça a limpeza periódica de quintais e jardins para evitar ambientes úmidos e adequados para o desenvolvimento das larvas e faça o controle de roedores no terreno da residência, pois estes são hospedeiros de pulgas que transmitem doenças.
Métodos de controle: O controle da pulga em casa começa com o tratamento do animal, tratando-se então a casa e os locais onde vive e circula o animal. Ambas as etapas têm que ser executadas juntas, ou ao menos o animal de estimação deve ser tratado primeiramente, seguindo recomendação do médico veterinário. O controle efetivo é feito através da lavagem dos tapetes, visto que as larvas e adultos de pulgas se afogam facilmente ou ainda, através da aplicação de inseticidas específicos. Utiliza-se a pulverização completa em toda a área infestada, de preferência em duas etapas. Como os produtos normais fazem efeito somente nas fases larval e adulta sugere-se o prazo de 15 dias entre as 2 aplicações para obter-se melhor resultado, evitando formas de resistência. Essa aplicação deverá ser direcionada a frestas de móveis, cantos e frestas de rodapés e pisos de assoalho ou taco e no dormitório dos animais de estimação. Nos animais utilizam-se xampus, talcos e sprays apropriados. Para a área externa (quintal e gramados) pode-se pulverizar inseticidas ou simplesmente molhá-la bem, já que as larvas da pulga são afogadas facilmente.
Biologia da Praga: As traças podem ser consideradas importantes pragas em áreas urbanas, pois infestam roupas, papéis, tapeçarias, estofados, livros, frutas secas, grãos ou outros alimentos armazenados e muitos outros produtos manufaturados ou não. São conhecidas duas ordens: o grupo formado pelas traças dos livros ou traças prateadas pertencentes à Ordem Thysanura e o grupo formado pelas traças das roupas e as traças de produtos armazenados, pertencentes à Ordem Lepidoptera.
Ordem Thysanura são conhecidas como traças de livros ou prateadas. Seu aspecto lembra um peixe prateado, daí um de seus nomes em inglês ser "silverfish".
Não apresentam asas, possuem tamanho entre 0,85 a 1,3 cm, corpo de coloração cinza prateada, alongado e achatado dorso ventralmente, com 3 filamentos caudais e aparelho bucal mastigador. Alimentam-se de matéria orgânica vegetal, substâncias ricas em proteínas, açúcar ou amido, assim em residências, atacam cereais, farinhas de trigo (úmidas), papéis que contenham cola (papel de parede, livros encadernados em brochura, etc), alguns tecidos, raramente atacam roupas de lã e outros produtos de origem animal. Possuem hábitos principalmente noturnos, vivendo em ambientes úmidos e escuros. Escondem-se em frestas de móveis, armários, rodapés e caixas.
Ciclo de vida: Apresentam reprodução sexuada e desenvolvimento ametabólico, ou seja, a fase jovem diferencia-se da adulta apenas pelo tamanho e maturidade sexual. Dependendo da espécie e clima, os ovos eclodem em aproximadamente 10 a 60 dias e a fase jovem para a adulta demora em média 2 a 3 meses, sendo o ciclo de vida completo dura cerca de 1 ano e as formas adultas vivem mais de 4 anos.
Problemas relacionados: Algumas espécies frequentam o ambiente doméstico e podem ocasionar danos a livros e outros materiais. Algumas traças adaptaram-se muito bem ao ambiente urbano, sendo consideradas importantes pragas domiciliares, como a espécie Lepisma saccharina. Em museus, bibliotecas, tecelagens, supermercados, hotéis e em muitos outros estabelecimentos comerciais, as traças devem ser monitoradas com rigor, evitando-se infestações severas e danos significativos.
Outras espécies também encontradas no Brasil são a Acrotelsa collaris e Ctenolepisma ciliata.
Ordem Lepitoptera: é a ordem das borboletas e mariposas. As traças pertencentes à ordem Lepidoptera são representadas pelas traças das roupas e as traças de produtos armazenados. São microlepidópteros, ou seja, pequenas mariposas. O gênero Tineola o de maior importância econômica em áreas urbanas.
Suas asas são estreitas e acuminadas, voam pouco e não são atraídas pela luz como a maioria das mariposas. Sua coloração é clara, medindo aproximadamente 1,2 a 1,5 cm. Apresentam tufos de pelos de coloração avermelhada na cabeça e antenas mais escuras do que o restante do corpo. As larvas são de coloração esbranquiçada com cabeça escurecida e, no caso da espécie Tineola uterella (a espécie mais comum), tecem um casulo com a aparência de um estojo chato em forma de losango, aberto em ambas extremidades, que se desloca pelas paredes das residências e, enquanto se alimentam, podem ficar parcialmente cobertas por ele. A alimentação consiste de lã, penas, pelos, cabelo, couro, poeira, papel e ocasionalmente de algodão, linho, seda e fibras sintéticas. Roupas usadas sujas de bebidas, alimentos, suor ou urina, além daquelas guardadas por muito tempo são as mais atacadas.
Ciclo de vida: Desenvolvimento é holometábolo (ovo, larva, pupa e adulto). Sua reprodução é sexuada e as fêmeas depositam 40 a 50 ovos em média, num período de 2 a 3 semanas, morrendo logo após a postura. Os ovos possuem uma secreção adesiva e ficam aderidos às fibras dos tecidos das roupas, eclodindo após 4 a 10 dias conforme espécie. As larvas sofrem de 5 a 45 mudas, dependendo da temperatura ambiente e do tipo de alimento disponível e esse estagio pode durar de 35 a 87 dias conforme espécie. O período de pupa dura cerca 8 a 40 dias e a fase adulta cerca de 4 a 30 dias dependendo da espécie.
Problemas relacionados: As espécies mais comumente encontradas no ambiente doméstico são a Tineola uterela e a T. bisselieta. Essas traças causam estragos consideráveis em peças de lã, tapetes, alguns tecidos, peles, pelos, etc.
Medidas preventivas: Evite o acúmulo de papéis velhos, mantendo livros e revistas em locais limpos e bem arejados. Aspire bem frestas e rodapés, pois são locais que servem de abrigo às traças. Mantenha estantes, gavetas, armários e gabinetes sempre limpos e arejados, inspecione periodicamente tapetes, roupas e outros objetos que sirvam de fonte de alimento, mantendo-os bem limpos e livres de umidade. Roupas atacadas podem ser colocadas em sacos plásticos e depositadas em freezer por 24 horas para que ovos e larvas sejam mortos.
Métodos de controle: Em caso de infestações severas faz-se a pulverização superficial, seguida de micropulverização ou termonebulização. A termonebulização usada como complemento ajuda a desalojar e eliminar focos oriundos de locais de difícil acesso.
Biologia da Praga: São animais de rápida locomoção, carnívoros e não se enrolam. Apresentam entre 15 e 191 pares de pernas dependendo de espécie e tamanho, o número de pares é sempre ímpar e por isso nenhum tem exatamente 100, a maioria das espécies de centopéias de grande porte utiliza destas pernas como forma para mergulhar na terra, e como poucos insetos rastejantes, fecham o buraco que fazem na terra sempre ao passar, como forma de defesa.
São predadores providos de uma garra com veneno; as quais podem levar perigo ao homem.Para se defenderem os quilópodes podem se esconder, pinçar com suas pernas anais, fazer autotomia das pernas (que crescem normalmente na próxima muda), atacar com suas forcípulas, excretar secreção repulsiva e se camuflarem com ambiente. Alimentam-se de larvas e besouros.
Ciclo de vida: O sistema de reprodução é sexuado, as fêmeas colocam seus ovos e tem muito cuidado com eles.
Problemas relacionados: O veneno das lacraias, o qual utiliza para paralisar pequenos insetos, costuma ocasionar acidentes ao homem. O indivíduo acidentado sente dor localizada intensa e a evolução da picada depende da sensibilidade da vítima ao seu veneno.
Medidas preventivas: Utilização de luvas de raspas de couro ao trabalhar no jardim, ralos protetores, manter o terreno sempre limpo e roçado, fechar frestas em muros e paredes, examinar roupas e toalhas antes de manuseá-las e lavar semanalmente ralos com água quente e creolina.
Métodos de controle: Existem vários produtos de venda livre no mercado em geral. O controle de insetos rasteiros é uma das principais medidas a serem tomadas, pois estes servem de alimento para os escorpiões.
Biologia da Praga: Os morcegos são os únicos mamíferos com capacidade de vôo, devido à transformação de seus braços em asas. Geralmente são considerados animais nocivos, sendo cercados por muitas lendas, geralmente associadas à sua aparência e hábito noturno.
Os morcegos ocorrem em quase todo o planeta, exceto em locais muito frios ou muito quentes e em algumas ilhas muito isoladas. Possuem hábitos crepusculares e noturnos, vivem em grupos e utilizam como abrigo cavernas, frestas em rochas, forros e sótãos, porões, edificações, folhagens e copa de árvores, construções abandonadas, vãos de dilatação de prédios, cisternas ou poços. Seus hábitos alimentares variam conforme a espécie, assim existem os morcegos onívoros, frugívoros, nectarívoros ou polinívoros, folívoros, ranívoros, insetívoros, carnívoros, piscívoros e, finalmente, os hematófagos.
Ciclo de vida: A média de vida dos morcegos é de 20 a 30 anos. Vivem em grupos, onde há um macho dominante e o restante do grupo é composto por fêmeas. Atingem a maturidade sexual por volta de um ano de idade. A gestação dura de 2 a 7 meses, gerando em média 1 filhote por gestação. Esses filhotes nascem sem pelos ou com pelagem bastante tênue e são amamentados por 2 a 4 meses.
Principais espécies:
Morcego cauda de rato – Molossus ater e M. molossus: bastante comum, de coloração variando entre marrom e preto. Não apresenta apêndice nasal e sua cauda é livre e sem pelos. Alimenta-se de insetos e refugia-se em telhados e sótãos. Seus locais de abrigo são reconhecidos com facilidade por exalarem forte odor.
Morcego das casas – Myotis nigricans: é a menor espécie encontrada em residências. Apresenta coloração parda avermelhada, não possuindo apêndice nasal e sua cauda é contida na membrana interfemural. Alimenta-se de insetos e recebem esse nome por frequentemente abrigarem-se em sótãos e nos telhados das residências.
Morcego das frutas – Artibeus lituratus: coloração parda com duas listras brancas na cabeça, acima e abaixo dos olhos. Apresenta apêndice nasal. Alimenta-se de frutas e abriga-se entre as folhagens das árvores.
Morcego beija-flor – Glossophaga soriciana: de pequeno porte e sua coloração é parda. Apresenta apêndice nasal pequeno e em forma triangular e cauda ausente. Sua principal característica é a língua alongada e fina que auxilia a lamber as flores, pois se alimenta do néctar das mesmas. Refugia-se entre as folhagens das árvores.
Falso vampiro – Phyllostomus hastatus: apresenta apêndice nasal desenvolvido e em forma de lança ou espada e focinho estreito. Possuem cauda e sua coloração é negra. É onívoro, se alimentando inclusive de néctar de flores como o morcego beija-flor. Refugiam-se geralmente em ocos de árvores.
Morcego de cauda curta – Carollia perspicillata: coloração variando entre marrom escuro e marrom avermelhado, com região ventral mais clara. Apresenta apêndice nasal pequeno e em formato de folha e focinho curto. Sua cauda é pequena e inserida na membrana interfemural. Alimenta-se de frutas e insetos e refugiam-se em ocos de árvores, cavernas, frestas em rochas, minas, aquedutos e construções.
Morcego vampiro – Desmodus rotundus: alimenta-se exclusivamente de sangue. Possui apêndice nasal rudimentar, em formato discóide com sensores térmicos que permite localizar a região mais vascularizada na pele da presa. Seus dentes são adaptados para perfurar a pele da presae abrir a ferida de forma indolor e, em sua saliva, também há presença de substância anticoagulante. Apresenta cor parda, com a barriga e garganta mais claras. Outra característica própria dos morcegos vampiros é a ausência de cauda e a adoção da posição quadrúpede para caminhar, saltar ou escalar. É rara sua ocorrência no meio urbano, geralmente vive em áreas com criações de animais e abriga-se em cavernas ou ocos de árvores.
Problemas relacionados: Ao contrário do que se pensa, a maioria dos morcegos são benéficos ao meio ambiente, pois ao se alimentarem, podem disseminar sementes, polinizar flores e controlar populações de insetos. Os morcegos que podem causar dano ao homem são os hematófagos, pois ao sugarem o sangue da presa, podem transmitir raiva. Geralmente, esses morcegos hematófagos atacam os animais domésticos, sendo raros os casos de ataque ao homem. Casos de ataque ao ser humano geralmente ocorrem por acidente, ou seja, quando tocado pelo homem e sentindo-se ameaçado, o morcego morde para se defender e, ao morder, transmite o vírus da raiva. Em vários estudos realizados, detectou-se que diversas espécies de morcegos, mesmo não sendo hematófagos, apresentam o vírus da raiva. Os morcegos em áreas urbanas causam bastante medo e incômodo às pessoas, devido à grande diversidade de lendas que envolvem os morcegos e também à sua aparência e hábitos.
Medidas preventivas: Recolher antes do anoitecer os bebedouros que contenham solução açucarada para beija-flores, pois os morcegos nectarívoros também são atraídos pela solução. Para evitar a “visita” de morcegos frugívoros dentro das residências, devem-se guardar os frutos em locais protegidos.
Quando ocorrer a entrada frequente de morcegos dentro de algum cômodo, podem-se deixar as luzes acesas por alguns dias consecutivos. Como os morcegos são fotossensíveis, abandonarão o local.
Jamais se deve tocar em um morcego, pois ao ser tocado, ele pode morder e transmitir raiva à pessoa. Em casos de mordidas, procurar um posto de saúde imediatamente.
Utilizar barreiras físicas como telas de arame para impedir sua entrada, utilizar gel repelente e verificar telhas soltas ou quebradas.
Métodos de controle: Os morcegos são espécies protegidas por lei, assim sua captura, perseguição ou destruição são proibidas. O controle deve ser realizado por pessoal treinado e somente quando necessário. Devemos lembrar também que repelir os morcegos não é fácil, então o melhor a se fazer é evitar sua entrada. A ocorrência destes animais deve ser notificada aos órgãos competentes para que estes adotem as medidas cabíveis. A utilização de substâncias químicas anti-coagulantes são de uso exclusivo de Órgãos Oficiais.
Biologia da praga: Os ácaros são organismos de tamanho pequeno. A maioria das espécies adultas tem de 0,25 a 0,75 mm de comprimento, embora algumas sejam maiores. Seu grande sucesso evolutivo está relacionado ao tamanho pequeno, pois são capazes de colonizar muitos tipos de micro-habitats não disponíveis para os grandes aracnídeos. O corpo dos ácaros é revestido por cerdas e pelos, muitos deles sendo sensoriais. A natureza e a posição das cerdas nos ácaros constituem características extremamente importantes para a identificação e a classificação de espécies. Preferem temperaturas amenas (entre 18º e 32ºC) e umidade relativa alta (entre 60 e 80%). Alimentam-se principalmente de pele humana descamada, fibras de tecido, pólen e fungos.
Ciclo de vida: O ácaro vive cerca de 2 a 4 meses e, durante seu ciclo de vida, acasala de 1 a 2 vezes. Os períodos propícios para reprodução são primavera e outono e, durante toda sua vida, a fêmea pode produzir até 50 ovos e depositar ovos até 30 dias, dependendo da espécie.
Principais espécies:
Problemas relacionados:
Causam alergias quando vivem em nossas residências. A carapaça eliminada durante suas mudas fica no ambiente e podem ser aspiradas pelo homem, atingindo o trato respiratório. As fezes dos ácaros também causam alergias respiratórias e cutâneas. Algumas espécies de ácaros podem causar também dermatites, como a sarna. Os principais locais onde os ácaros abrigam-se são: colchões, travesseiros, tapetes, carpetes, cortinas, roupas, ambientes úmidos, etc. Espécies que se associam ao pó doméstico são consideradas no mundo todo como o principal agente causador de alergias no trato respiratório.
Métodos preventivos:
Método de Controle: O controle de ácaros é feito com pulverização. Deve ser feita uma desinfecção e limpeza com produtos e equipamentos específicos, com profissionais especializados.
Biologia da praga: São conhecidas cerca de 800 espécies de carrapatos em todo o mundo parasitando mamíferos, aves, répteis ou anfíbios. Atuam como vetores de microrganismos patogênicos incluindo bactérias, protozoários e vírus. São classificados em duas famílias: Ixodidae e Argasidae.
Os ixodídeos, frequentemente denominados "carrapatos duros", apresentam um escudo rígido e quitinoso, que cobre toda a face dorsal do macho adulto. Em todos os estágios fixam-se em seus hospedeiros por um tempo relativamente longo para alimentar-se. Neste grupo está incluída a maioria dos carrapatos de interesse médico-veterinário.
Os argasídeos, também conhecidos como "carrapatos moles", recebem esta denominação porque não possuem escudo. Nesta família estão os carrapatos de aves e os "carrapatos de cão".
Ciclo de vida:
Principais espécies:
Problemas relacionados: Os danos causados aos animais são determinados pela perda de sangue e transmissão de doenças; no homem os carrapatos provocam incômodo, dermatites e lesões decorrentes das picadas e, principalmente, são vetores de patógenos, como vírus e bactérias, ocasionando: dermatoses, perda de sangue, otocaríase, paralisias e infecções..
Medidas preventivas:
Para as pessoas que vão a áreas infestadas:
Para os animais:
Em residências:
Métodos de controle: Em áreas urbanas e/ou residenciais, recomenda-se a pulverização das áreas ou até polvilhamento, principalmente nas frestas, repetindo a aplicação após 20 dias em temperaturas altas. Quanto aos animais domésticos, estes deverão receber aplicações de carrapaticidas indicados para cada espécie.
Os animais deverão ficar fora da residência pelo prazo de 24 a 48 horas variando conforme animal, ventilação do local e produto. A pulverização em pastos torna-se economicamente inviável, principalmente em grandes áreas. É aconselhado o manejo integrado. Recomenda-se ainda procurar um médico veterinário para indicação de um melhor tratamento para cada caso específico.
Biologia da praga: São encontradas nos mais variados locais. Todas as espécies produzem veneno, que é indispensável para caça e digestão do alimento, assim, são carnívoras, se alimentam de insetos e pequenos invertebrados.
Ciclo de vida: Ovo, ninfa e adulto (metamorfose incompleta ou hemimetábolo). A reprodução das aranhas é sexuada. Apresentam dimorfismo sexual e presença de bulbo copulador localizado nas extremidades dos pedipalpos nos machos. O acasalamento ocorre com o macho introduzindo o bulbo copulador contendo esperma na abertura genital da fêmea. Os ovos são fertilizados no momento da postura e ficam armazenados numa espécie de bolsa elaborada com fios de seda, denominada ooteca. A fêmea permanece junto à ooteca até o momento da eclosão.
Em muitas espécies, após a eclosão dos ovos, os filhotes permanecem no dorso da mãe até sofrerem a primeira ecdise. Colocam cerca de 100 a 200 ovos, que eclodem de 5 a 10 dias. As aranhas sofrem ecdises durante seu desenvolvimento até chegarem à maturidade. Algumas fêmeas de caranguejeiras sofrem ecdise anualmente, mesmo depois de adultas. O tempo de vida varia com a espécie podendo viver meses a anos.
Principais espécies: No Brasil ocorrem quatro tipos principais de aranhas venenosas, classificadas de acordo com o interesse médico. Esses tipos requerem tratamento em forma de soroterapia em casos de acidentes. Há ainda dois tipos que não representam tanto perigo ao homem: as aranhas de teia e as caranguejeiras.
Aranha Caranguejeira – várias espécies: frequentemente temida por causa da aparência e tamanho, muitas vezes chagando a atingir 10 cm de corpo e 30 cm de envergadura. No Brasil não são conhecidas espécies responsáveis por envenenamento humano. As picadas costumam provocar apenas dor de pequena intensidade e de curta duração. Possuem outro mecanismo de defesa, inclusive, mais frequentemente utilizado, que consiste em atritar vigorosamente as pernas traseiras no abdome, espalhando uma nuvem de pelos com ação irritante em direção ao inimigo. Os pelos podem causar alergias com manifestações cutâneas ou problemas nas vias respiratórias.
Aranha Armadeira - Phoneutria nigriventer: possui coloração marrom, com pares de manchas ao longo da parte dorsal do abdome e oito olhos em três fileiras: 2:4:2, 4 a 5 cm de corpo, podendo atingir até 12 cm. Vive em bananeiras, sob troncos caídos, bem como próximo e dentro das moradias. É a mais agressiva. Não faz teia e assume posição de defesa quando se sente ameaçada. Seu ataque é feroz, com várias picadas seguidas e injetando veneno em cada uma delas.
Aranha de Jardim ou Tarântula - Lycosa erythrognatha: frequentemente encontrada em todo o Brasil. O corpo chega a 5 cm de envergadura. Possui coloração acinzentada com mancha negra em forma de seta no dorso do abdome. Seu veneno é pouco potente. Possui hábitos diurnos e vivem muito próximas a residências, jardins, áreas gramadas, pastos e próximo a piscinas.
Viúva Negra - Latrodectus curacaviensis: conhecida como flamenguinha e aranha de barriga vermelha. Possui coloração preta com faixas vermelhas no abdome. As fêmeas (com cerca de 1 cm) são bem menores que os machos. Apresentam oito olhos em duas filas: 4:4. Constrói teias sob vegetação rasteira, arbustos e barrancos e, muitas vezes, pode-se encontrar aglomerados dessas aranhas, porém cada uma vive em sua própria teia. Geralmente, seu veneno é extremamente potente. A espécie brasileira não oferece perigo aos seres humanos, tanto que, para este tipo de acidente, não se produz soros no Brasil.
Marrom - Loxosceles spp: possui cefalotórax mais achatado. De tamanho pequeno, não ultrapassa 2,5 cm de envergadura. Sua coloração é castanha e apresenta poucos pelos. Seu hábito é noturno e é muito comum dentro de residências, escondendo-se atrás de quadros, móveis e no meio de roupas usadas. Não faz teia, mas forra seu abrigo com um tapete pegajoso de seda.As aranhas marrons são muito conhecidas por serem causadoras dos piores envenenamentos. Seu veneno atinge as células sanguíneas, destruindo tecidos e provocando necrose. Por seu veneno ser anestésico, a pessoa não sente sua picada e procura assistência médica somente quando os sintomas estão mais avançados.
Problemas relacionados: Os danos provocados pelos acidentes com aranhas geralmente não são graves. Os casos mais graves são provocados pelas aranhas marrom em locais como: pilhas de tijolos, telhas, beira de barrancos; nas residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente nas roupas.
Medidas preventivas: Não acumular entulhos, folhas secas, lixo doméstico e material de construção nas proximidades das casas. Evite a proliferação de insetos, principalmente baratas que servem de alimento. Mantenha jardins e quintais limpos e utilize calçados e luvas de raspa de couro para evitar acidentes quando for caminhar ou manusear algo no mato, em entulhos, folhas secas e material de construção.
Métodos de controle: pulverização ao redor da casa, principalmente nos beirais de telhado, depósitos, forros, porões, e outros locais que possam oferecer abrigo, além do tratamento especial nos jardins. O produto adequado promove sua mortalidade imediata, com efeito residual. Muitas vezes são repelentes.
Biologia das Pragas: Os barbeiros alimentam-se de sangue das aves, mamíferos (incluisve o homem) e até animais de sangue frio. Possuem hábitos noturnos. Sua relevância é grande, pois podem ser transmissores de uma grave doença para o homem – a Doença de Chagas. Existem mais de 100 espécies de barbeiros. Algumas vivem somente em matas, mas outras se adaptaram totalmente ao convívio humano. Existe ainda um terceiro grupo que vivem em florestas mas habitam o redor das casas. Todos são capazes de transmitir a doença de chagas, desde que infestados pelo protozoário causador.
Seu corpo é redondo e achatado, mas se incha quando se alimenta do sangue. A coloração varia de preto a acinzentado com manchas amarelas ou alaranjadas ao redor de seu abdome. Para se alimentar utiliza seu aparato bucal, constituído de uma tromba que é introduzida através da pele do animal, de modo que cada inseto possa sugar, por vez, de 0,5 a 1,5 cm3 de sangue, demorando 10 a 20 minutos para fazê-lo. A picada do inseto não é dolorosa, mas provoca uma leve coceira. O importante é a particularidade que o barbeiro tem de evacuar logo após a refeição. São nestas fezes que os protozoários causarores da Doença de Chagas habitam. Preferem temperaturas em torno de 28 ºC e ambientes não muito úmidos. Abrigam-se em frestas e lugares escurecidos.
Ciclo de vida: Vivem em media de 1 a 2 anos. Na época de postura, a fêmea oviposita de uma a duas centenas de ovos, que eclodem por volta de 4 semanas depois, deixando sair uma larva. Após a primeira refeição, a larva começa a sofrer mudanças em seu corpo. O barbeiro passa por 5 mudas até atingir o tamanho adulto. Esse se diferencia por possuir um aparato sexual desenvolvido, asas completas e ser de maior tamanho. A fêmea adulta se diferencia do macho por possuir uma protuberância em sua extremidade traseira, denominada ovipositor. Cada macho pode fecundar várias fêmeas.
Principal espécie: Triatoma infestans – conhecida no Brasil como chupança, bicho-barbeiro, bicho-de-frade, bicho-de-parede, bicudo, cascudo, chupão, chupa-chups, fincão, gaudério, percevejão, percevejo-do-sertão, percevejogaudério, procotó, rondão ou vunvum.
Problemas relacionados: São vetores do protozoário Tripanossoma cruzi, causador na Doença de Chagas.
Medidas preventivas: Reboque as casas, corrija frestas em estruturas e mantenha limpos os ambientes.
Métodos de controle: São utilizadas as técnicas de pulverização e micropulverização.
Biologia das pragas: As brocas são pequenos besouros que se alimentam de madeira. Possuem cabeça arredondada, também podendo ser alongada. O adulto vive fora da madeira, utilizando-a para deposição dos ovos no local em que as larvas, posteriormente, irão se abrigar e se alimentar até atingirem o estágio de pupa. Atingem de 1 a 3 mm.
Ciclo de vida: Desenvolvimento holometábolo (ovo, larva, pupa e adulto) e reprodução sexuada. As larvas alimentam-se de madeira, formando túneis. Após a cópula, a fêmea geralmente deposita seus ovos na mesma peça de madeira de onde emergiu. As larvas têm ciclo longo (vários meses) e os adultos vivem apenas alguns dias ou semanas.
Principais espécies:
Família Anobiidae - conhecidas como brocas falsas, pois não só atacam madeiras, como folhas secas de diversas espécies. A cabeça é dobrada para baixo e o corpo tem formato oval. Apresentam coloração castanha escura a preta. Medem de 1 a 9 mm de comprimento. Atacam madeiras duras e macias, diversos produtos manufaturados e podem causar severos danos em livros, roendo goma da capa e abrindo galerias no papel. Depositam seus ovos em fendas ou orifícios existentes na madeira. Dificilmente reinfestam o mesmo local. Causam grande prejuízo por ter um ciclo de vida muito rápido.
Família Bostrichidae: corpo em formato cilíndrico e tórax mais áspero, antenas em forma de clave e cabeça não destacada do corpo, ou seja, não visível olhando-se o inseto por cima. Sua coloração é castanha escura. Os adultos medem de 3 a 6 mm de comprimento. Perfuram a madeira para depositar seus ovos e, geralmente, atacam madeira dura, podendo também atacar madeiras macias, incluindo bambu, vime, etc.
Família Lyctidae: brocas verdadeiras, alimentam-se e desenvolvem-se de madeiras duras, infestando móveis, pisos, etc. Apresentam coloração marrom e medem de 3 a 5 mm de comprimento. A cabeça é destacada do corpo e o corpo tem formato achatado. Deposita seus ovos nos poros da madeira. Seu principal sinal de infestação é a presença de resíduos de madeira nas saídas dos túneis. Causam grandes danos por reinfestarem o mesmo local.
Família Curculionidae: a cabeça prolonga-se em um rostro, de formato mais ou menos alongado, reto e voltado para baixo. São da mesma família do bicudo do algodão. Atacam normalmente grãos armazenados, mas podem atacar madeiras moles.
Problemas relacionados: Os danos são menores que os causados pelos cupins, porém também requerem atenção. Apenas as larvas causam danos, pois é nesse período que o inseto se alimenta da madeira, formando verdadeiras galerias. Uma característica que facilita a identificação de uma infestação por brocas é a presença de furos nas peças de madeira, mas principalmente, a presença de um pó ou serragem bem fina, assemelhando-se a um talco, próxima à peça. É importante salientar que a textura desse pó é que diferencia uma infestação causada por brocas de uma infestação causada por cupins de madeira seca.
Medidas preventivas: Para evitar a infestação em móveis é importante proteger a madeira com aplicação de produtos prontos para uso (liquido ou aerossol), seguindo as instruções dos rótulos. A proteção deverá ser feita em todas as superfícies que não tenham tinta ou verniz, por exemplo: a parte de baixo e de trás dos móveis, gavetas, etc. - assim como as juntas nas madeiras. Geralmente são por estes locais que as brocas penetrarão novamente.
Métodos de controle: Caso o uso de produtos de venda livre não dê resultado ou se a infestação já for grande, pode ser feito injeção e pulverização inseticida específico ou mesmo expurgo.
Os carunchos são besouros que atacam produtos armazenados, como feijão, arroz, trigo, milho, farinhas e farelos, chás e outros produtos desidratados. Infestam também produtos industrializados como massas, rações de animais e biscoitos. Esses insetos, ao infestarem os produtos armazenados encontram alimento fácil, abrigo, temperatura e umidade favoráveis. Possuem elevado potencial reprodutivo e alta capacidade adaptativa.
Ciclo de vida: Possuem reprodução sexuada e o desenvolvimento é holometábolo (ovo, larva, pupa e adulto). O ciclo de vida varia entre as espécies, mas dura em média de 3 a 4 semanas.
Principais espécies: São conhecidas cerca de 600 espécies de carunchos que infestam grãos armazenados. As larvas em muitos casos são as responsáveis pelos danos ao produto, uma vez que em muitas espécies o adulto não se alimenta. São divididas mais genericamente em dois tipos:
Pragas primárias: o adulto rompe a película protetora do grão e deposita o ovo no interior dele. A larva eclode e se alimenta do interior do grão e só o deixam quando atingem a fase adulta. Como exemplo, o caruncho do feijão e do milho.
Pragas secundárias: se alimentam da parte externa do grão. Infestam farinhas, farelos e rações. A fêmea deposita os ovos externamente ao substrato, as larvas eclodem desenvolvendo-se livremente ou internamente no grão.
Problemas relacionados: A ação desses insetos nos produtos armazenados deprecia o produto para o consumo e há a perda do valor comercial.
Medidas preventivas: Ao visualizar os insetos no alimento, eliminar o produto. Realizar limpeza no móvel que acondiciona o alimento infestado e não armazenar grãos, farelos, farinhas e rações por períodos longos. Avaliar a origem dos produtos a serem consumidos.
Métodos de controle: Em caso de indústrias ou depósitos de alimentos, devem ser utilizados produtos especializados, com acompanhamento de um Engenheiro Agrônomo, devidamente registrado no CREA e com autorização para realizar serviços com esse fim.